Faz algum tempo que eu li um artigo sobre dicas para o armário de roupas para uma pessoa que sofre de Transtorno Bipolar. Ele dizia que era importante ter roupas de 3 a 4 números diferentes, pois é muito comum engordar e emagrecer, seja durante as crises, como no tratamento.

No final do ano passado, a dosagem dos meus medicamentos aumentou radicalmente. E foram medicamentos que aumentam apetite, que aumentam a retenção hídrica, que mexem com meu sono.

Depois veio a pandemia e os remédios foram aumentados novamente. E pra completar a equação, parei de sair de casa, estava fazendo o mínimo do exercício físico. Nesse período alguma coisa aconteceu com meu joelho direito e começou a doer loucamente. Tentei praticar yoga em casa e não consegui completar uma aula de tanta dor.

Quando chegou nos 2 meses de isolamento, me pesei e vi que tinha engordado 8 quilos desde dezembro. Eu já estava usando as outras roupas do armário, aquelas que guardava caso eu engordasse. 

Desde que cheguei aqui na Dinamarca, engordei mais 2 quilos. Na verdade, esses últimos quilos foram adquiridos nas duas semanas em que o Guaraná ficou doente. Para resumir, o Guaraná vomitou muito, ficou internado por 2 dias, não chegaram a nenhuma conclusão sobre o que ele tinha, mesmo após exames de imagens e laboratoriais. Enquanto ele ficou doente, eu fiquei um caco. Fiquei apática e joguei minha dieta pro espaço. Somente quando ele voltou a ser ele mesmo é que fiquei bem.

Guaraná raspado assim que voltou do hospital

Porém, pela primeira vez, eu não estou desesperada ou chateada por ter ganhado peso. É claro que eu estou triste por não entrar mais em determinadas roupas, mas no fundo eu estou bem comigo mesma. Eu estou num tratamento, estou numa fase de sobrevivência e está tudo bem não estar no meu peso ideal.

Eu tento me alimentar de forma saudável na maior parte do tempo, mas tem dias que encontro conforto na comida e como besteiras. Não estou neurótica como já fiquei inúmeras vezes quando vi um número indesejado na balança. Isso só me gerou outros problemas, como distúrbios alimentares.

Acho que aceitar meu corpo como ele é, e está, faz parte desse processo que estou vivendo. Estou respeitando esse momento e respeitando meus limites, porque não são só medicamentos, estou com o joelho machucado que tem dificultado qualquer possibilidade de atividade física.

Não sei se vou voltar a ter o corpo de antigamente. Não fico contando com isso, pois pensar nisso me gera ansiedade e frustração.

Eu realmente tenho pensado em estar viva, bem e o mais saudável mentalmente possível. De alguma forma ficar magra se tornou uma meta totalmente secundária na minha vida. E eu me sinto muito feliz por isso.

Eu, atualmente