Janeiro é o mês para falar sobre saúde mental. Porém, muitos sequer sabem do que se trata o termo. Saúde mental é sobre ter ideias, pensamentos e sentimentos em harmonia ou a ausência dessa, seja por desequilíbrio químico, traumas, estresse, ou qualquer outro motivo.

Muitas pessoas não gostam nem de pensar sobre esse assunto. Preferem não mexer em certas feridas ou tentar tirar aquele fantasma do armário. Admitir que tem um problema psicológico ou psiquiátrico ainda é um tabu, pois é visto como fraqueza ou falha. No entanto, algumas pessoas demoram tanto para admitir um problema que entram em colapso. Umas surtam, outras paralisam, algumas até desistem.

Por isso iniciativas como a campanha Janeiro Branco são tão cruciais para mudar esse estigma e conscientizar a população sobre a importância de cuidar de sua saúde mental assim como cuida de sua saúde física.

Aliás, muitas pessoas desenvolvem doenças físicas por conta de problemas mentais. Uma mente doente deixa o corpo doente. Podemos pegar como exemplo os sintomas que um surto de pânico causa: dores no peito, falta de ar, tremores, aumento da transpiração.

Já o Transtorno Bipolar, quando não tratado, pode ocasionar muitos danos ao corpo. Os principais são aumento da frequência cardíaca, palpitações, dores musculares, diarreia, vômitos e náusea. Em alguns casos há aumento da pressão arterial. São todos preocupantes, pois acabam afetando todo o corpo e alterando o funcionamento de vários órgãos.

Mas ter saúde mental não é só uma questão de evitar consequências físicas, é estar em paz e bem consigo. É dormir bem, tomar as melhores atitudes para sua vida, conseguir se sentir bem independente dos outros. “Assim, tê-la ou alcançá-la está muito longe da ausência de transtornos mentais. O desequilíbrio emocional facilita o surgimento de doenças mentais. Podemos dizer que a saúde mental contempla, entre tantos fatores, a nossa capacidade de sensação de bem-estar e harmonia, a nossa habilidade em manejar de forma positiva às adversidades e conflitos, o reconhecimento e respeito dos nossos limites e deficiências, nossa satisfação em viver, compartilhar e se relacionar com os outros – algo muito maior e anterior ao início dos transtornos mentais.” (Hospital Israelita Albert Einstein)

Um grande fator de adoecimento é o tempo que se investe na vida profissional que, em muitos dos casos, não traz prazer nem satisfação. Sem falar na alta taxa de desemprego no país, baixa remuneração, más condições de trabalho, falta de planejamento profissional e outros fatores que são questões que aumentam significativamente os transtornos.

E para conquistar ou manter a saúde mental não é preciso necessariamente fazer terapia. Claro que em alguns casos o tratamento terapêutico é necessário, mas para qualquer pessoa fatores como dormir bem, ter uma alimentação adequada, praticar exercícios físicos e estar em ambientes saudáveis são essenciais. Algumas pessoas também se sentem bem exercendo a espiritualidade ou estando em contato com a natureza. Cada um sabe o que pode fazer bem para a sua mente e corpo.

O fato é que é necessário ter essa questão em pauta no seu dia-a-dia: o que eu faço pela minha saúde mental? Às vezes, cozinhar sua comida favorita no fim de semana já é uma ação que contribui para isso, pois é você preparar algo para si a fim de te agradar. E não é necessário – e talvez nem recomendado – definir grandes metas, pois isso pode gerar frustrações. Pense em coisas pequenas em sua rotina, mas que melhorem sua qualidade de vida.

Acima de tudo tenha autoconhecimento. Saiba o que você gosta e desgosta para saber seus limites. Dessa maneira é possível ter objetivos mais definidos e corretos, saber o que é necessário e o que não é na sua vida. Mantenha uma rotina, mas inclua nela o que te dá prazer, como leitura, culinária, jardinagem. Muitas vezes a rotina fica no automático e deixamos o prazer de lado.

O autocuidado também é um compromisso. A mente e o corpo estão interligados, e para que cada um esteja bem é preciso que ambos estejam bem. É preciso se respeitar e entender que a mente tem limites e que não estar atento a eles pode ser muito perigoso. Cada um vai descobrir o que faz bem, mas no fim é necessário ter muita compaixão consigo e paciência, pois esse processo nada mais é que um tratamento.