Um amigo meu, quando foi me dar parabéns pelo meu aniversário, me disse “li o seu texto de aniversário e fico feliz que esteja tudo bem”. Aí mandei um áudio de quase 6 minutos, explicando que não, não está tudo bem, porém tenho aprendido a ser grata e a enxergar o lado bom da vida. Isso tem um pouco a ver com o que tenho aprendido nas minhas meditações.

A quarentena puxou o meu tapete, como puxou o tapete de muitas pessoas. Eu tranquei a faculdade, porque eu estava enlouquecendo. Estava tendo ataques de pânico severos durante as aulas e chorava enquanto lia os textos. Eu deixei de fazer qualquer atividade que me proporcionasse prazer. Eu parei de ler, ver tv ou qualquer coisa do gênero. Eu acordava, sentava no computador e estudava até a hora de dormir. Porém ficava angustiada, pois não estava conseguindo acompanhar a matéria, o conceito que era passado nas aulas.

Minha medicação foi dobrada e mesmo assim continuava ansiosa, no limite. A única coisa que eu ainda fazia, além de estudar, era o blog. Era a minha única válvula de escape. Eu estava completamente sem esperanças.

Eu fiz a meditação sobre Felicidade Genuína e orientação me perguntou o que me faria genuinamente feliz. E aos prantos eu respondi: paz mental. E depois que percebi isso, passaram uns dias que acordei completamente diferente, com uma energia diferente. Até achei que era hipomania, mas na verdade era só meu cérebro vendo todas as bandeiras vermelhas e dizendo “Ei, garota, primeiro sua saúde mental! Chega disso!”. Não assisti à aula, não toquei em nenhum material de estudo. No mesmo dia tive análise, e depois de conversar com a minha psiquiatra, bati o martelo. Tranquei a faculdade.

Decidi isso somente depois de conversar com a minha psiquiatra, pois queria ter certeza de estar num beco sem saída. Eu disse a ela que essa soma de quarentena + faculdade com muito conteúdo, conceito e pouca explicação para a prática + meu estado mental em frangalhos, não estava dando certo. Ela concordou e disse que se não fosse pela quarentena tudo seria diferente. Mas esse cenário complica tudo. E se eu surtar? Eu estou só aqui com a minha mãe. Ela vai conseguir me levar pra algum lugar? E pra onde? Em plena pandemia.

Obviamente fiquei muito aliviada, mas agora vivo uma rotina nova, que eu ainda não consegui criar. Ainda não consigo relaxar direito, por milhares de motivos. Minha cabeça está sempre processando alguma coisa.

Estou tentando não criar expectativas de grandes produções nesse momento, porque já entendi que não é hora. Quarentena não é a situação adequada para tomar esse tipo de decisão. O mundo está doente, as pessoas não estão bem, está tudo diferente. Não preciso decidir minha vida profissional ou acadêmica agora.

Eu preciso cuidar da minha saúde mental, preciso voltar a ficar bem. Voltar a ter uma rotina saudável de sono, alimentação e do que eu faço durante o dia. Consumir cultura, ouvir minhas músicas favoritas, praticar exercício, conversar com meus amigos e familiares. No fim, nada mais do que ser eu mesma.