O lítio voltou ao meu metabolismo e gradativamente fui me sentindo melhor. E pior, ao mesmo tempo. Acontece que agora estou numa fase mista. Nem depressiva, nem hipomaníaca. Tenho sentido sintomas das duas fases e tem sido uma verdadeira montanha russa.
Semana passada foi uma semana bem difícil, meu humor mudava em horas. Teve momentos que eu tive tanta adrenalina que fui esfregar o chão do box, porque não sabia mais o que fazer. Noutro dia, meu corpo estava tão quente que deitei no chão pra esfriar e relaxar, ensopada de suor fazendo 9 graus fora de casa.
Mas também chorei copiosamente no banheiro escuro, sentada no tapete, completamente paralisada, escutando a voz sabotadora falando que não vou conseguir fazer nada, que não vou conseguir sair dessa.
Eu honestamente não sei o que é pior, caso me perguntassem, entre a mania ou a depressão. Morro de medo das duas, pois nas duas eu fico detonada. A depressão me destrói por si só e na mania eu me destruo. Antigamente eu curtia a mania, mas hoje em dia eu sei que posso me tornar um trem desgovernado. Eu curtia, porque a mania dá essa sensação de bem estar, de grandiosidade. Mas é uma receita fácil para meter os pés pelas mãos, como fiz milhões de vezes.
Porém como eu disse anteriormente: remédio não faz milagre. Eu tenho que dar tempo pro lítio me reequilibrar. Caso isso não aconteça, é claro, que conversarei com o psiquiatra, mas não posso me apressar.
Enquanto isso tenho tentado focar nas responsabilidades e nas outras atividades. Aproveitei um dia desses de euforia e consegui assistir várias aulas atrasadas. Tenho que me beneficiar de alguma forma da situação, mesmo não tendo todo o foco e concentração que eu gostaria ou precisaria, mas trabalho com o que tenho. Consegui desafogar bem o material que atrasei na semana sem medicamento e isso me dá uma sensação de mais estabilidade e de menos descontrole.
Estar nessa montanha russa de humor e de emoções me causa muita angústia no sentido de que não consigo controlar nada, que está tudo fora do eixo. Tenho trabalhado na terapia e comigo mesma para não escutar a voz sabotadora que diz que sou incapaz e inapta. Isso é uma fase, vai melhorar e vou encontrar a estabilidade de novo, mesmo que muitas vezes eu me encontre no olho do furacão ou num lugar muito escuro para ver luz.
Também tenho que cuidar mais do meu corpo, da minha saúde física. Preciso fazer óculos novos, me dedicar mais à fisioterapia e levar minha dieta a sério, pois continuo ganhando peso e isso não é bom para o meu joelho. Já cheguei ao ponto das minhas roupas estarem apertadas (mesmo aquelas que são maiores) e não quero trocar meu guarda roupa inteiro. Tenho ótimas roupas e gosto delas.
Tento preencher vazios ou ganhar tempo com a comida. A ansiedade tem sido intensa e não posso gastar energia apropriadamente por conta do meu joelho machucado. Não posso correr, nem andar de bicicleta. Subir escadas é um martírio. Logo, preciso mudar a minha alimentação.
No momento ter uma rotina balanceada, seja com comidas saudáveis ou até mesmo com menos café, tem sido muito difícil. Também gostaria de não tomar o Rivotril, mas tem situações que somente com ele eu consigo melhorar. Mas vou dar um passo de cada vez. Eu sou a minha pior juíza e cobro resultados perfeitos e imediatos, quando eu esqueço que sou apenas um ser humano e tenho minhas limitações. Tenho colado no meu laptop a frase “Be kind to yourself”. Por que é tão difícil ser gentil com nós mesmos?
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