Attack of Giant Squid por Martin Davey

Eu tenho a sensação que meu tratamento psiquiátrico é de estar aprendendo a pilotar um desses barcos de pesca de caranguejos gigantes que vão pro meio do mar não importa qual seja a condição climática.

Depois de um longo período que posso descrever como dias de tormenta, onde eu achava que meu barco iria virar e eu iria afundar, consegui segurar a barra e ficar de pé, viva. Agora estou num período muito mais tranquilo e equilibrado, me sinto mais centrada, menos obsessiva, menos deprimida.

E pensei nessa analogia, porque tive a sensação hoje de que entrei, de repente, numa tempestade terrível. Acho que não percebi as ondas aumentando lentamente, nem os ventos ficando mais fortes, mas hoje tá sendo um dia bem difícil. Principalmente porque veio um kraken e tentou seriamente destruir o barco.

E o lance todo é aprender a controlar e proteger esse barco, porque sei que sou capaz e que uma hora isso vai passar. Mas é difícil não pensar que, na verdade esse é o meu estado real e o outro é o passageiro. Que o kraken não vai destruir todos os planos e sonhos. Nessas horas dá vontade de sair correndo e se encolher naquele cantinho seguro. Todo mundo tem um. E aí me vem todas aquelas perguntas de auto crítica, porque se eu estava bem antes, como é que eu estou nesse estado agora? Onde foi que eu vacilei? Não seria melhor eu desistir de vez? Às vezes essa pergunta vem com tanta força que dói fisicamente.

Mais uma vez eu tenho que me forçar a colocar o barco no prumo e segurar a barra e acreditar que isso vai passar, que vou conseguir ficar naquele estado bom que consegui chegar nas últimas semanas. E ninguém faz ideia dos meus limites, das minhas fronteiras, na realidade. Esse é um barco pilotado apenas por mim.